top of page
Cover AC.jpg

Só - 2020
 

Seja como intérprete ou compositora, Adriana Calcanhotto está sempre em busca de novos desafios, parceiros e métodos de criação. Por conhecê-la e admirá-la há bastante tempo, recebi com entusiasmo o convite para produzir um álbum inteiro, pensado e composto por ela no período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19.
 

Tudo começou com a faixa "Eu vi você sambar". Recebi a demo da Adriana e imaginei um samba funk, com baixo, bateria e metais. Convidei Mateus Estrela e Leonardo Chaves, meus parceiros musicais mais recentes, para pensarmos juntos o arranjo. Adriana gostou do resultado e passou a me enviar mais canções, frutos do desafio que ela se impôs, durante o isolamento social, de compor uma canção por dia até a hora do almoço.

Ainda que soubesse o que queria, Adriana não fechou nenhuma das portas que eu propus abrir em cada canção. Procurei valorizar os aspectos mais interessantes de sua obra autoral, que nesse álbum brilha e prossegue com inspiração e personalidade, no caminho do que escreveram Antonio Cicero e Waly Salomão para o release do álbum "Cantada" (2002). A dupla de poetas reconhece e elogia, em Adriana, "a vontade e a capacidade de manter aceso o veio experimental não nas bordas alternativas, mas, precisamente, no mainstream da música pop comercial".

A partir do núcleo central que formei com Mateus e Leo, muitos músicos contribuíram criativamente com o projeto. Alguns deles são meus parceiros há bastante tempo, como Allen Alencar (guitarra) e Zé Manoel (piano). Entretanto, com a maioria dos convidados, entre os quais Diogo Gomes (sopros), Bruno di Lullo (violão), Rafael Rocha (percussão), Thomas Harres (bateria e percussão) e Chibatinha (guitarra), eu trabalhei pela primeira vez agora. É difícil de acreditar que conseguimos reunir, apesar das solidões, uma multidão de talentos. Em uma das conferências que fizemos pelo Zoom, brinquei com Adriana que eu poderia cantar assim: "eu ando pela casa dirigindo gente falando ao telefone".

Minha relação com Adriana Calcanhotto não é de hoje. Nós nos conhecemos antes mesmo de eu gravar meu primeiro álbum, por volta de 2008. Àquela altura, eu já me correspondia com Antonio Cicero, nosso parceiro musical e amigo em comum, que foi um grande incentivador da minha carreira artística. Cicero fez a ponte para que eu pudesse me encontrar com ela em Belém, no dia seguinte à apresentação do show "Maré". Desde então, mantive com Adriana uma relação carinhosa à distância, que se tornou mais próxima quando reli algumas de suas canções para o meu álbum "Presente (Antonio Cicero 70)".

Sem se prender a um gênero ou a uma sonoridade específica, "Só" não é um álbum fechado em si. A solidão de Adriana, nesse caso, espelha a solidão de todos nós, "amontoados e sós" em nossos cárceres privados. É sabido que, nesse período de crise global, nós, artistas, estamos fortemente ameaçados. Ainda assim, como diz Graciliano Ramos em "Memórias do Cárcere", "nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer".

 

Arthur Nogueira
Produtor musical do álbum "Só"

Maio/2020

  • Preto Ícone Spotify
  • Preto Ícone Deezer
  • Preto Ícone YouTube
  • A Apple ícone social Música
  • Preto ícone Google Play
  • Preto Ícone Tidal

Repertório:

01 Ninguém na rua

    (Adriana Calcanhotto)
02 Era só

    (Adriana Calcanhotto)
03 Eu vi você sambar

    (Adriana Calcanhotto)
04 O que temos

    (Adriana Calcanhotto)
05 Sol quadrado

    (Adriana Calcanhotto)
06 Tive notícias suas

    (Adriana Calcanhotto)
07 Lembrando da estrada

     (Adriana Calcanhotto)
08 Bunda lê lê*

     (Adriana Calcanhotto)
09 Corre o Munda

     (Adriana Calcanhotto)

Capa de Mike Knetch com foto de Murilo Alvesso


*A faixa "Bunda lê lê" tem produção musical de Dennis DJ.
A

bottom of page