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Rei Ninguém - 2017

Pela primeira vez, tive um prazo curto e bem estabelecido para compor todas as canções de um novo disco. Foram três meses dedicados a pensar o repertório que ensaiamos durante cinco dias e que, por causa do talento e da empatia de todos os envolvidos, foi gravado em praticamente dois dias em um estúdio no interior de São Paulo. Em meio ao processo de composição, entre tantas descobertas, meu amigo, o poeta Erick Monteiro Moraes, mostrou suas traduções de Rose Ausländer, uma mulher impressionante, poeta de língua alemã, judia, sobrevivente do Holocausto, cuja obra é pouco conhecida no Brasil. Fiquei impressionado com os poemas e suas versões em português. Musiquei dois deles, sendo que "Ninguém" foi decisivo à compreensão de quem eu sou agora.

A autoridade de negar as formas e as ordens é o que faz do "Rei Ninguém" o personagem ideal para a representação da crítica, do possível e da mudança. O ser universal, absoluto, livre, moderno. Como aprendi com Antonio Cicero, "moderno" é um adjetivo oriundo do advérbio latino "modo", que significa "agora mesmo" e está relacionado à essência deste instante. Quando digo “este instante”, faço referência ao instante em que me encontro, há um eu como sua condição necessária, sem o qual este instante não pode ser concebido. Este eu, no entanto, não é pessoal, mas universal, isto é, ainda que eu negue todas as coisas ao meu redor, ainda que eu negue que sou um brasileiro de 29 anos, por exemplo, não posso deixar de pensar que não seja este instante. Acima de tudo, agora eu sou ninguém e, por isso mesmo, sou o que eu quiser, possibilidade e mudança, imaginação e liberdade. "Todo artista criativo", afirma o autor de duas letras deste disco, "sempre foi e é moderno", por ser "excêntrico em relação a qualquer centro positivo ou convencional" e representar, em sua própria singularidade, a novidade legítima.

Este disco, portanto, o quarto de minha carreira, chega como uma conquista e uma revelação: sou eu mais do que nunca agora, o "Rei Ninguém", a música soberana em sua liberdade.


Arthur Nogueira
Junho/2017

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Repertório:

01 Vou ficar tão só se você se for (You're gonna make me lonesome when you go)

     (Bob Dylan - versão Arthur Nogueira e Erick Monteiro Moraes)

     Rams Horn Music (Sony/ATV)

02 Moonlight - Participação de Zé Manoel

     (Arthur Nogueira / Zé Manoel)
     Direto, Gege Edições

03 De repente

     (Pratagy / Arthur Nogueira)

     Direto, Gege Edições

04 Papel tesoura e cola

     (Arthur Nogueira / Eucanaã Ferraz)

     Gege Edições, Direto

05 Era só você

     (Arthur Nogueira)

     Gege Edições 

06 Lume

     (Luiz Gabriel Lopes / Arthur Nogueira)

     Direto, Gege Edições 

     Citação: Vendo a noite (Ferreira Gullar)

07 Consegui - Participação de Fafá de Belém

     (Arthur Nogueira / Antonio Cicero)

     Gege Edições, Acontecimentos

08 Ninguém

     (Arthur Nogueira / Erick Monteiro Moraes / Rose Ausländer)

     Gege Edições, Direto, S. Fischer Verlag 

09 A hora certa
     (Arthur Nogueira / Antonio Cicero)

     Gege Edições, Acontecimentos

10 Pra nós

     (Arthur Nogueira)

     Gege Edições

Capa de Elisa Arruda com foto de Ana Alexandrino

Disponível em CD e LP:

arthurvnogueira@gmail.com

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